
Nem sei que pensar já, querido Manoel Carlos. Decidi te escrever agora, que sempre estou menos cansada, porque temo que se deixo para a noite, fique mais um dia sem dizer o que tenho para te dizer. Mas também não sei por onde começar sem parecer idiota. E afinal é o que me sinto, sempre, idiota, aqui a escrever não sei se para alguém, se para mim... E se fosse só para mim, que necessidade há de clicar em "enviar"?
Para amar só é preciso esse sentimento numa pessoa. Porém, a amizade precisa de duas complementando-se. Se não é assim, uma delas sente-se idiota. Posso-te amar e que tu não me ames. Mas não posso ser amiga tua se não és meu amigo. Podes ser o meu interlocutor fantasma, uma caixa de correios sem fundo na que as cartas se vão perdendo e onde se vai perdendo também a vontade de continuar, isso podes, mas tem alma esse vazio em que as palavras se suspendem à espera umas mãos peguem nelas e se deixem acariciar por elas?
Se fosse só que não tens vontade de escrever... mas receio que há alguma coisa mais. Noto-te distante, frio. Isso arrefece-me a mim também, endurece-me mais um pouco. Estou a exigir sempre e tu não queres isso, queres-te livre até as últimas consequências. E suspeito que também não tens interesse nenhum em me aguentar, ainda que não digas para não me magoar. Fica tranquilo. Poucas pessoas me podem ferir já. Tenho muitos blogues em que jogar as tristezas e as alegrias.De aqui a bocado vai vir o Javier de Vigo para me tirar da casa. Iremos jantar qualquer coisa por aí, e vai-me fazer bem comer decentemente: tanta preguiça deixa-me com a geladeira vazia e afinal acabo alimentando-me de alface, iogurtes e fruta. Um bacalhauzito ou uma picanha vão-me reviver seguramente.Enfim, lá está ele já. Deixo-te, até a próxima.
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