Mexendo em papeis antigos, fotografias, cartas e postais encontrei uma carta do velho amigo e colega de trabalho Roberto Bonatto!
Quando cheguei a Berlim, em 1976, me senti igualsinho ao matuto que sai do seu lugar pacato do interior e caí inesperadamente no meio de São Paulo! Mas com a desvantagem para meu lado. Em São Paulo o matuto entendia as pessoas. E eu, em Berlim, apenas dizia e muito mal pronunciadas as palavras aufwiedersehen e Ja! Nada mais.
Uma angústia desmedida tomou conta de mim e pensei não aguentar tamanho isolamento!
Mas Deus é Grande e me mandou um amigo. Você Roberto Bonatto!
Logo ficamos entrosados e compartilhamos grandes momentos naquela cidade cercada então pelo Muro do qual, hoje, só reza a história. Seria necessário muito papel para narrar essa convivência, esses momentos que a saudade tornava enormes. A saudade de nossas coisas,de nossa família, do nosso país. Sentimento que só os exilados podem descrever!
E é por isso que hoje, fiquei de alma tombada ao encontrar uma carta do Roberto que dava notícias de uma nova fase de sua vida.
E começa assim:
" Berlim, um dia destes qualquer...
Pois é Mestre, (ele me chamava de Mestre) continuamos vivos, apesar das circunstâncias...Não
sei se sabes, mas casei outra vez contra uma jovem bem mais jovem que eu, prá ser bem "genau", exatamente a metade da idade do pai aqui, e se eu digo pai aqui, estou falando sério,
pois já sou pai outra vez e, como bom pintor, só poderia ser mulher, pois trabalho com modêlo à vista... Se chama Joanna dos Reis Bonatto, não é um nome bonito?
E o Ruben como vai? E a Fernanda? E tu?
Conta coisas, essa vida não é só de bacalhau e vinho tinto. Não tivemos Verão este ano, ou seja, uma merda maior...Estamos com a decadência do dólar numa merda maior ainda e o novo chefe que assume dia 10, dizem ser uma cópia do Calábria - mais uma merda - pois é, estamos
Quando cheguei a Berlim, em 1976, me senti igualsinho ao matuto que sai do seu lugar pacato do interior e caí inesperadamente no meio de São Paulo! Mas com a desvantagem para meu lado. Em São Paulo o matuto entendia as pessoas. E eu, em Berlim, apenas dizia e muito mal pronunciadas as palavras aufwiedersehen e Ja! Nada mais.
Uma angústia desmedida tomou conta de mim e pensei não aguentar tamanho isolamento!
Mas Deus é Grande e me mandou um amigo. Você Roberto Bonatto!
Logo ficamos entrosados e compartilhamos grandes momentos naquela cidade cercada então pelo Muro do qual, hoje, só reza a história. Seria necessário muito papel para narrar essa convivência, esses momentos que a saudade tornava enormes. A saudade de nossas coisas,de nossa família, do nosso país. Sentimento que só os exilados podem descrever!
E é por isso que hoje, fiquei de alma tombada ao encontrar uma carta do Roberto que dava notícias de uma nova fase de sua vida.
E começa assim:
" Berlim, um dia destes qualquer...
Pois é Mestre, (ele me chamava de Mestre) continuamos vivos, apesar das circunstâncias...Não
sei se sabes, mas casei outra vez contra uma jovem bem mais jovem que eu, prá ser bem "genau", exatamente a metade da idade do pai aqui, e se eu digo pai aqui, estou falando sério,
pois já sou pai outra vez e, como bom pintor, só poderia ser mulher, pois trabalho com modêlo à vista... Se chama Joanna dos Reis Bonatto, não é um nome bonito?
E o Ruben como vai? E a Fernanda? E tu?
Conta coisas, essa vida não é só de bacalhau e vinho tinto. Não tivemos Verão este ano, ou seja, uma merda maior...Estamos com a decadência do dólar numa merda maior ainda e o novo chefe que assume dia 10, dizem ser uma cópia do Calábria - mais uma merda - pois é, estamos
de merda até ao pescoço e, o que é pior, continuamos sorrindo...
Mas tudo bem, quem nasceu pra comer banana nunca chega ao caviar; vamos tocando e cantando, aí vão dois versinhos que mandei para a minha mulher e filha quando agora estão no Brasil".
Esta carta me sensibilizou ainda mais porque o Roberto Bonato, meu amigão, faleceu há 3 anos, no Brasil e eu só soube disso muito tempo depois.
Roberto Bonatto era um artista plástico de gabarito tendo vindo para Portugal como bolsista para um curso de gravador na Fundação Gulbenkian e, depois, com seu espírito aventureiro de jóvem gaúcho, iria de boleia "carona" para Berlin onde, entre outras atividades, desempenhou funções no Consulado Geral do Brasil nequela cidade onde nos encontramos como colegas.
Seja onde for que tu estejas, meu bom amigo Roberto, podes acreditar "genau" que estarás sempre na minha lembrança, no meu espírito.
Esta carta me sensibilizou ainda mais porque o Roberto Bonato, meu amigão, faleceu há 3 anos, no Brasil e eu só soube disso muito tempo depois.
Roberto Bonatto era um artista plástico de gabarito tendo vindo para Portugal como bolsista para um curso de gravador na Fundação Gulbenkian e, depois, com seu espírito aventureiro de jóvem gaúcho, iria de boleia "carona" para Berlin onde, entre outras atividades, desempenhou funções no Consulado Geral do Brasil nequela cidade onde nos encontramos como colegas.
Seja onde for que tu estejas, meu bom amigo Roberto, podes acreditar "genau" que estarás sempre na minha lembrança, no meu espírito.
AMIGO É COISA PRA SE GUARDAR DEBAIXO DE SETE CHAVES, COMO DIZIA A CANÇÃO... QUALQUER DIA AMIGO EU VOLTO PRA TE ENCONTRAR....
ResponderExcluirAMIGO A GENTE USA, AS VEZES ABUSA MAS ..... SEMPRE É AMIGO E ASSIM ÉS TU.....