A minha infância não foi das mais floridas e a carência de que fui vítima ainda sangra nas minhas lembranças.
A sensibilidade por tudo o que envolve problemas de crianças chega a causar-me as mais demoradas insónias.
Foi outro dia, quando me dirigia para o restaurante onde habitualmente almoço, um menino de aspeto muito frágil, angelical, me abordou puxando a minha mão. - Senhor, desculpe, poderá oferecer-me alguma coisa com que possa me alimentar? Estou com muita fome.
Fiquei gelado e por segundos me vi envolvido num temporal de revolta e quase gritei. Mas calei meu grito no próprio grito. E regressei da guerra.
Olhei - o meio desconfiado mas meus sentidos não me transmitiram nenhuma repulsa.
Foi outro dia, quando me dirigia para o restaurante onde habitualmente almoço, um menino de aspeto muito frágil, angelical, me abordou puxando a minha mão. - Senhor, desculpe, poderá oferecer-me alguma coisa com que possa me alimentar? Estou com muita fome.
Fiquei gelado e por segundos me vi envolvido num temporal de revolta e quase gritei. Mas calei meu grito no próprio grito. E regressei da guerra.
Olhei - o meio desconfiado mas meus sentidos não me transmitiram nenhuma repulsa.
Algo de misterioso aquele menino expandia.
Suas roupas não estavam nem sujas nem rasgadas. Seu rosto era o de um
menino bem tratado e seus olhos eram os olhos de um anjo.
Suas roupas não estavam nem sujas nem rasgadas. Seu rosto era o de um
menino bem tratado e seus olhos eram os olhos de um anjo.
Seu sorriso foi o mesmo sorriso dos meninos que ganharam o presente mais ambicionado na Noite de Natal, quando o convidei para entrar e almoçar comigo.
Sentou-se à mesa na minha frente e sua postura era a de uma criança bem educada. A forma como se sentou, o gesto de abrir o guardanapo, o afastar dos talheres e depois em todos os pormenores que normalmente a etiqueta exige.
Minha curiosidade era tal que evitei fazer perguntas na expactativa de que ele iria dar razões plausíveis justificando sua indigência!
Assim aconteceu. Logo me sossegou o espírito falando de si próprio.
-Sabe. O Senhor sabe que. Desculpe posso saber o nome do senhor?
-Claro, que podes. Chamo-me José.
Abriu um sorriso encantador e continuou: - é o nome igual ao do meu pai. O meu pai também se chama José! Nem imagina como eu estou muito feliz, senhor José, mas mesmo muito contente por saber que ainda existem pessoas bondosas como o senhor e sensíveis às necessidades das crianças. Pensei que, por eu estar assim vestido, o senhor José não iria atender ao meu pedido, pois saiba que nem sempre só os esfarrapados sentem necessidades, tem muita gente por aí, de aspecto muito limpo e sabe Deus o que lhes vai na alma ou no corpo.
E continuou falando tão suave e doce que me transmitia uma sensação nunca experimentada, de paz, de felicidade. Aquela sensação que se experimenta quando tudo está bem na vida e nos encontramos de frente para a grandiosidade do mar, do infinito, ou no meio de um prado verdejante num dia ameno de Primavera!
Fiquei assim por uns instantes.
Voltei a dormir e no sono não vi mais o menino.
Voltei a dormir e no sono não vi mais o menino.
Texto de Manoel Carlos
nao poderia deixar de comentar, pois o texto mexe muito comigo, sobretudo porque me faz lembrar da história da minha infância, sabe até tenho dúvida, se fica mal me comparar com esse anjo., mas penso que o grandioso la em cima nao se importa, assim estou tranquila porque sei que foi e é ele, que sempre esteve comigo., parabéns e continue, estou a adorar o teu blogger.Grande beijinho para voce.
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