Era o ano de 1984. Cheguei a Vigo, Espanha, num dia chuvoso. O aspeto da cidade não era o mesmo de quando a visitei pela primeira vez, no Verão de 1973, onde um sol lindo muito dourado aquecia e coloria a cidade de forma radiante com reflexos evidentes nos rostos das pessoas. Mas como vinha de uma cidade ainda mais fria e escura da Alemanha, dei isso como compensação e as coisas iriam mudar certamente.
Instalei-me por uns uns dias num hotel, mas depois aluguei um pequeno apartamento na Avenida Canovas del Castillo, mesmo ao lado do Hotel Baía de Vigo. Um sétimo andar com vistas para a baía de onde desfrutava de um panorama reconfortante entre o esvoaçar das gaivotas e o movimento ondulante dos barcos coloridos pela cortina do crepúsculo, quando à tarde, e pelo clarão matinal, raiando o dia.
Foi muito tempo que esperei pela realização deste quase sonho. O de estar perto, muito perto mesmo, do lugar onde nasci! E são estas conquistas - a força de tanto pensar e querer - que me equilibram o espírito no meio de tanta coisa opaca, muitas vezes pensada intransponivel!
E assim , numa harmonia galaico-minhota, pude, durante dois anos, dar azo a tanta alegria, matando completamente uma saudade, contudo agradável, que me seguiu durante 30 anos!
Pensei poder ficar por Vigo muito mais tempo. Mas a empresa à qual eu estou ligado se transferiu para o Porto, depois para Lisboa e aqui estou eu um pouco mais afastado lembrando as minhas viagens diárias entre Vigo-Ponte de Lima-Vigo sempre recheadas de felicidade e festejadas com grandes bebedeiras de vinho verde e a barriguinha satisfeita de bons e os melhores sarrabulhos no Restaurante Gaio. Um abraço para o João.
Manoel Carlos
Manoel Carlos
Quem sabe não nos encontramos alguma vez por essas ruas, a passear pela Alameda ou pelo porto. Se fosses agora... está tudo tão mudado, que já nem se vê o mar e isso que, diziam!, as obras eram para "abrir Vigo ao mar" e nunca o vi tão fechado.
ResponderExcluirPonte de Lima, porém, acho que está um bocado mais bonita, quando não é domingo.