29/02/2008

RECUERDOS DE VIGO continuação 3


O clima que reinava no quarto preenchia de apreensão o meu espírito e a presença da garota causava dúvidas da realidade. Eu não sabia se queria acordar do sonho ou se o sonho se tornasse eterno...
Mas desci dessa nuvem de ilusão e me entreguei ao abraço daquele corpo diferente e tudo começou a desmoronar. Meus sentidos controláveis descontrolaram-se e fiquei inactivo. Sem reacção, aflito quase com medo. Era demais e rico o mundo a meus olhos e achei não estar à altura de tanta beleza. Desmoronei de vez. Mas quis que ela levasse ou sentisse um pouco da minha possibilidade de levá-la, ao menos, até o fim do caminho... por outros atalhos! E senti deliciosamente as suas vibrações sem poder retribuir.
Da varanda ainda vi o barco da Policia Maritima saír para a fiscalização da noite no rotineiro percurso fluvial de Vigo.
A garota foi embora deixando-me entregue à maior frustração.
Só algum tempo depois é que tive a consciencia de que não lhe perguntei o nome, o endereço, enfim qualquer elemento de contacto futuro.
Tal foi o meu deslumbramento!

Manoel Carlos

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