Cheguei a Vigo transferido de Berlim.
O Consulado, com Chancelaria instalada na Rua Marques de Valladares, estava sob a chefia temporária de uma Oficial de Chancelaria.
Como em todas as instituições o funcionário de hierarquia inferior tem sempre um certo "complexo" do seu colega de trabalho designado para a chefia. Por exemplo: o enfermeiro incompatibliza-se com o médico, o gerente com o director, o Vice-Cônsul com o Cônsul, e, neste caso, a Oficial de Chancelaria com o diplomata.
De jeito que quando, por motivos de ausência do chefe quem toma as "rédeas" é, claro está, o funcionário logo imediatamente a seguir. Aqui se manifesta o
tal complexo. Assim como uma vingança. Essas pessoas se transformam e tudo corre num ambiente fictício como uma farsa onde sobressaem atitudes prepotentes descarregadas nos outros colegas que lhes são subordinados mas que possuem muita mais
cultura étnica experiencia e educação.
O atrito é evidente e geram-se pensamentos e vontades nada ortodoxas...
Convenhamos que quando, por exemplo, um funcionário que por alguns "méritos" ou "esforço", tenha sido reconduzido da sua categoria de continuo ou porteiro para outra faixa mais elevada, esse funcionário vai sentir sempre o trauma de não poder esquecer que já foi continuo ou porteiro e muito mais complexo por saber que os colegas sabem disso!
Lidar com essas pessoas,no nosso trabalho, vos garanto, é muito difícil. Nem afianço aqui uma exceção. Não tem volta psicológica!
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Trago atravessado no peito um remorso de ter sentido vontade de matar!
Imaginem que eu sou esotérico e saibam que ser esotérico é estar em perfeita harmonia com o Universo. Logo logo eu jamais poderia sentir ou pensar molestar alguem muito menos matar! Nem um insecto!
Acontece que aquela mulher, feia, horrorosa, baixa , de pernas afastadas caminhando como uma macaca, atarracada, sem pescoço, olhos espantosamente feios e uma voz de som estridente em falcete, boca de lábios caídos e dentes expostos com espaços por onde eram disparados perigosos perdigotos. Enfim um "E.T." para o mais feio, mas sem o dedo luminoso, viria a tornar-se o alvo de minha tendência justiceira.
Meu colega espanhol, o Señor Pulido Reys, lhe alcunhou de "A Rana", ou sapo e era como nós os dois quando nos referíamos aquela figura a tratávamos:- "A Rana".
O meu humor foi ao ponto de chegar um dia ao Consulado e dizer ao colega que tinha lido no jornal "Faro de Vigo" que na noite anterior foi vista por algumas pessoas,na Praça de Compostela, uma figura tão feia que pensaram ser o próprio E.T.
Mas não era o E.T. não!
Era a "Rana" nossa chefe que tinha ido jantar a um Restaurante Chinês e na saída, pelo meio da escuridão, foi confundida!
Pois a Rana de tão ruim que era, fez parte dos meus projetos homicidas...
Texto de Manoel Carlos
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Há 16 anos
Já estás a demorar muito para matar o bicho...
ResponderExcluirQuando cheguei ao final e ainda a vi viva, fosga-se, fiquei desiludido.
Mata logo a puta e pronto!
Assunto arrumado...e penduras a pistola.