Imagens que eu pensava nunca mais voltar a ver pessoalmente: refugiados do Congo, refugiados de Angola,refugiados de Guiné-Bissau, filas para aquisição de géneros alimentícios logo após guerra e outras imagens tristes que eu pude ver através do cinema, dos jornais e da televisão como sendo coisas do passado!
Que passado que nada! Eis que, muito pertinho de mim, onde trabalho, ressurge uma dessas imagens, retrato de uma crise que eu gostaria que alguem me explicasse a razão de sua existência.
Um país grandioso, rico, maravilhosamente concebido por Deus à imagem do Paraíso, um solo de onde rompe tudo o que a humanidade necessita e, que, inexplicavelmente deixa sair seu povo em busca do que afinal não existe em lugar algum a não ser ali messmo: BRASIL!!!
Lisboa, Largo Luis de Camões, instalações do Consulado Geral do Brasil, três horas da manhã de qualquer dia útil. Já se nota um movimento de pessoas chegando e tomando os lugares para uma fila que se vai agigantando no passar do tempo até às 9 da manhã quando abre aquela Repartição consular. A essa hora já o número de pessoas é tal que a fila ocupa todo aquele quarteirão da Baixa do Chiado e a última pessoa da fila está logo a seguir à primeira como a cabeça de uma cobra gigante ligada ao fim da cauda!
O Consulado atende uma média de 500 pessoas por dia e os assuntos são os mais diversos até aquele que nem o próprio emigrante sabe o que ali vai fazer!
Para dar vasão a tão significativo movimento as instalações do Consulado sofreram grande alteração mas enormes lacunas são evidentes e não se nota muito a diferença do antes para o depois. Foi assim como tirar os bancos de um onibus para que maior número de passgeiros pudesse viajar em pé, sem segurança, se esturricando de calor, aos solavancos, por entre o Sertão...
E é assim que se sentem os brasileiros que permanecem ali horas e horas esperando que seus assuntos sejam resolvidos. O ar condicionado não funciona, o número de pessoas na sala é mais do que a própria sala pode suportar. O barulho é ensurdecedor com ruídos de vozes, o trânsito lá fóra e os gritos estridentes das crianças que são levadas pelos pais para uma possivel prioridade no atendimento(onde se juntam também as mulheres grávidas e são bastantes)! A distribuição de senhas de atendimento é precária e suscita vários atritos, passando pela negociação da própria senha por indivíduos que já fazem disso sua profissão. Chega-se a vender uma senha por 50 euros!! Informação fidedigna. Mas o considerado normal é de 20 euros por senha!!!! Quem vai por cobro a isto?
O número de funcionários até que seria suficiente mas mal divididos e mal instalados e, quem sabe, mal remunerados.
Os aparelhos de informática são velhos e lentos, na remodelação não se pensou nem sequer na comudidade dos funcionários que se sentam em cadeiras quebradas,assentos rasgados, não oferecendo qualquer tipo de segurança. São velhas as mesas de trabalho e velho é todo aquele prédio cujo espaço ocupado pelo Consulado eu nomearia como sendo "o elefante branco" do Itamaraty onde enormes quantias em dólares foram gastas, mal gastas e que, certamente, dariam para a aquisição de um imóvel mais funcional e em lugar de maior acessibilidade, pelo menos. Para seu governo, seu cidadão brasileiro, a última importancia gasta ali, com o "elefante branco", mas sujo, rondou um milhão de euros!!!
P.S.
Em relação às instalações do Consulado, ainda me lembro de uma vez que foi necessária a aquisição de um cofre que pesava 500 quilos,a senhoria requereu uma perícia de engenharia com vistas a averiguar se aquele peso seria suportado ali, dadas as condições de prédio antigo.
Pergunto: E quanto pesam 300 pessoas?
Um dia destes, quem sabe, seremos surpreendidos com um desabamento e nos escombros encontraremos uma Farmácia, um Banco e uma Repartição dos Correios!
Eu volto. Viva o Brasil.
Caro Fonseca Lima,
ResponderExcluirPubliquei o seu post no Oficina de Gerência. Espero que repercuta em alguma autoridade aqui no Brasil para dar uma regulada na incompetência que está dormindo no consulado brasileiro ai, em Lisboa.
Acjei ótimo o seu texto. Sempre que tiver algo no mesmo teor me avise.
Grande abraço.
Herbert