Wertheim - Berlin
Em 198o, seria transferida para prestar serviços no Consulado do Brasil em Berlim, uma Oficial de Chancelaria, Vice-Cônsul. Senhora animadíssima, fogosa, extrovertida, enfim: extra tudo...
Tudo normal até se detetar nela aquele "flagelo" psicológico que é o de não poder ver ou olhar para qualquer objeto que não fosse seu. Infalivelmente, num rasgo mágico de larápia, logo em seguida estaria ...no fundo de qualquer bolso ou bolsa que ela utilizasse...mercê desse impulso incontrolável! Cleptomania.
Cerifiquei-me disso uma vez que a acompanhei até ao mais importante Centro Comercial de Berlim, o Wertheim, na Ku-Damm. Fiquei logo apreensivo e receoso que algo lhe acontecesse, mas a vigilância nem reparou nos palitos que ela escondia em seus enormes bolsos do casaco de pele sintética que ela usava. E ainda não estavamos no inverno !
Nesse mesmo dia , já na cantina militar americana, a astúcia dela foi mais longe: utilizou duas cestas, que encheu de artigos, uma que segurou no braço e outra que ia arrastando com o pé até passar (com sucesso) fora da visão da moça da caixa...
Resolvi nunca mais acompanhar aquela senhora muito "doente".
Mas existe sempre um dia fatal. Uma ocasião fatal.
Eu morava na Niebuhrstrasse, situado a uma distância de 5oo metros do Consulado instalado na Kufuerstendamm. Todas as manhãs no percurso da minha casa até ao trabalho eu me distraía lendo apenas os cabeçalhos dos jornais colocados em destaque nas portas das tabacarias.
E foi então que isso aconteceu. A ocasião fatal.
Em letras bem gordas na primeira página o Berliner Zeitung noticiava ironicamente:
"VICE-CÔNSUL DO BRASIL EM BERLIN SURPREENDIDA COM AS CALCINHAS NA MÃO, NA PORTA DO WERTHEIM".
Aquela "estúpida" senhora teria roubado peças de "lingerie" roupa íntima, mas os vigilantes do supermercado, desta vez, não deixaram passar e pegaram ela com "as calcinhas na mão".
Cheguei ao Consulado e o ambiente era de botequim com o Cônsul aos "berros" e a Vice Cônsul sentada, infeliz, como se estivesse sendo injustiçada. O que na realidade estava sendo.
Só que, como pena, por injustiçada que teria sido, foi colocada no Escritório do Itamaraty no Rio de Janeiro, lugar ou missão ambiocionada por qualquer funcionário.
Passada uma semana, toca o meu telefone, atendi. Era então o Embaixador Mário Calábria, que chefiava a Embaixada em Ost Berlin. Num tom de voz forte e gosador perguntou:
Em 198o, seria transferida para prestar serviços no Consulado do Brasil em Berlim, uma Oficial de Chancelaria, Vice-Cônsul. Senhora animadíssima, fogosa, extrovertida, enfim: extra tudo...
Tudo normal até se detetar nela aquele "flagelo" psicológico que é o de não poder ver ou olhar para qualquer objeto que não fosse seu. Infalivelmente, num rasgo mágico de larápia, logo em seguida estaria ...no fundo de qualquer bolso ou bolsa que ela utilizasse...mercê desse impulso incontrolável! Cleptomania.
Cerifiquei-me disso uma vez que a acompanhei até ao mais importante Centro Comercial de Berlim, o Wertheim, na Ku-Damm. Fiquei logo apreensivo e receoso que algo lhe acontecesse, mas a vigilância nem reparou nos palitos que ela escondia em seus enormes bolsos do casaco de pele sintética que ela usava. E ainda não estavamos no inverno !
Nesse mesmo dia , já na cantina militar americana, a astúcia dela foi mais longe: utilizou duas cestas, que encheu de artigos, uma que segurou no braço e outra que ia arrastando com o pé até passar (com sucesso) fora da visão da moça da caixa...
Resolvi nunca mais acompanhar aquela senhora muito "doente".
Mas existe sempre um dia fatal. Uma ocasião fatal.
Eu morava na Niebuhrstrasse, situado a uma distância de 5oo metros do Consulado instalado na Kufuerstendamm. Todas as manhãs no percurso da minha casa até ao trabalho eu me distraía lendo apenas os cabeçalhos dos jornais colocados em destaque nas portas das tabacarias.
E foi então que isso aconteceu. A ocasião fatal.
Em letras bem gordas na primeira página o Berliner Zeitung noticiava ironicamente:
"VICE-CÔNSUL DO BRASIL EM BERLIN SURPREENDIDA COM AS CALCINHAS NA MÃO, NA PORTA DO WERTHEIM".
Aquela "estúpida" senhora teria roubado peças de "lingerie" roupa íntima, mas os vigilantes do supermercado, desta vez, não deixaram passar e pegaram ela com "as calcinhas na mão".
Cheguei ao Consulado e o ambiente era de botequim com o Cônsul aos "berros" e a Vice Cônsul sentada, infeliz, como se estivesse sendo injustiçada. O que na realidade estava sendo.
Só que, como pena, por injustiçada que teria sido, foi colocada no Escritório do Itamaraty no Rio de Janeiro, lugar ou missão ambiocionada por qualquer funcionário.
Passada uma semana, toca o meu telefone, atendi. Era então o Embaixador Mário Calábria, que chefiava a Embaixada em Ost Berlin. Num tom de voz forte e gosador perguntou:
-Fonseca, você quer ser transferido para o Escritório do Itamaraty no Rio de Janeiro?
Surpreso perguntei: como?
Numa gargalhada sonora ouvi a voz do Embaixador:
Surpreso perguntei: como?
Numa gargalhada sonora ouvi a voz do Embaixador:
- "rouba umas cuecas no Wertheim"!
Obs:
O Embaixador Mário Calábria, agora aposentado, vive na Alemanha e,
em 2003, publicou o livro "Memórias de Corumbá e Berlim". Veja na "Google"
essa referência.
Se calhar ela sabia e por isso roubou. Itamaraty bem vale um titular num jornal alemão, afinal quem entende aquele idioma do diabo? Hihihi! E tu fizeste muito mal em não seguir o conselho do Embaixador: a rica vidinha que tu tinhas agora!
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