Imagens do colonialismo em Angola.


Era assim como um seresteiro do meridiano. Zé Cassote, preto, azul, vermelho ou roxo? - Depois de espancado pelos "colonos". Vivia cantando as músicas de Roberto Carlos. Fazia-o muitas vezes em frente ao Consulado do Brasil em Luanda, acenando-nos lá do jardim com gestos estudados imitando o rei. Era figura assídua nas redondezas e foi ganhando fama e que fama! No Bairro Operário já lhe chamavam de Roberto Carlos de Luanda.
As pessoas que o conheciam pediam-lhe que cantasse esta ou aquela música e ele lá ia dando conta do recado como podia, afinadinho, por sinal.
Há mais de uma semana que Zé Cassote não vem para o seu "show". Estranhamos e ninguém sabia do seu paradeiro. Apreensão!
Mas esta segunda feira, logo pela manhã, Zé Cassote, muito calado, reapareceu em estado lastimoso. Com o rosto que é negro e virou roxo e a cabeça enfaixada de ferimentos sofridos por agressão.
Foi explicando que no domingo ante-passado, quando estava cantando à porta do Consulado, foi abordado por quatro portugas da PIDE (Policia Internacional e Defesa do Estado) que o jogaram a ponta-pé para uma carrinha. Acordou já no calabouço despertado a socos e patadas dos algozes que queriam que ele dissesse porquê estava cantando e quem o mandou cantar aquela música.
Parece que todos pensamos fazer a mesma pergunta:
- E qual a música que estavas cantando?
- A que mais eu gosto de cantar.
-Sim, e qual?E Zé Cassote, com o rosto contraído, blasfemando no espírito, foi desabafando:-
- "E QUE TUDO MAIS VÁ PRO INFERNO".
O autor desta Postagem nasceu em Berlin em 04.02.1984
e vive presentemente em Setúbal.
O autor desta Postagem nasceu em Berlin em 04.02.1984
e vive presentemente em Setúbal.
Se fosse piada era engraçado. Não sendo só fica vontade de fazer os coros a cantar com o Zé Cassote.
ResponderExcluirBeijinho
Sun,
ResponderExcluirApesar dos tempos terem mudado eu continuo ainda como o Zé Cassote e de vez em quando eu canto: E QUE TUDO MAIS VÁ PRO INFERNO.
Hoje eu também acordei assim, com vontade de cantar E que tudo mais vá pró inferno!
ResponderExcluirFelizmente, se levar porrada, não vai ser pela letra, mas pela minha maneira -ihhh!- de cantar. (`_^)
Maria,
ResponderExcluirCanta mal. Mas canta! Já não há mais colonos...
Beijos