01/07/2012

BAIRRO ALTO À NOITE



As ruas estavam quase desertas. Era noite de segunda-feira. Gosto de passear na cidade, nestes momentos de sossego relativo, sem aquele alarido da mistura de vozes dos transeuntes, motores e buzinas dos automóveis.

Estava uma brisa suave e o Bairro Alto, parecia dormir, desfrutando a serenidade do tempo. As estrelas cintilando sorriam para Lisboa. Se não fosse uma ligeira dor de cabeça, ficaria aqui toda a noite, sentado num banco da Praça Luís de Camões, até nascer a manhã clareando o Tejo que desliza calmo lá mais abaixo. Tomei um táxi e pedi ao motorista que me levasse para casa. Lá para os lados de Benfica. O percurso era curto mas eu imaginei-o longo sorvendo toda a beleza desta Lisboa maravilhosa. Pedi que parasse frente a uma vivenda linda que existe um pouco mais atrás da casa onde moro. Quando estou para pagar a corrida, o condutor , num tom de voz rouco e alto, que me surpreendeu, começou por perguntar: - como é que você mora numa casa destas sendo que isto aqui é caro muito caro? Eu fui argumentando naturalmente: - trabalhando meu chapa! Aí o sujeito ficou mais irritado ainda e subiu o tom de voz para dizer: - Olhe, eu nasci aqui, vivo aqui e trabalho aqui há quase vinte anos e não ganhei ainda para comprar um barraco sequer! E vocês brasileiros, chegam aqui e de um momento para o outro são donos de tudo!
Resolvi então utilizar uma arma que o poria mais aniquilado e em tom sério transmiti-lhe uma mensagem arrepiante: - Sabe, meu caro, eu pertenço a uma rede de traficantes e assalto um Banco por dia. O "gajo" meio assustado foi logo despedindo-se e arrancou fazendo chiar os pneus no asfalto.
O que eu fui dizer minha Nossa Senhora!
Não demorou meia hora. A Policia  estava batendo na minha porta.
Esclarecidos os "factos" , dormi então satisfeito, porém preocupado...

3 comentários:

  1. Estou já "barrenando" na versão do taxista. (`_^)

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  2. Maria manda daí o argumento do taxista. Frente a um membro da Máfia é dificil ficar calmo...

    Beijos

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  3. Pronto, já está o trabalho feito, Manoel Carlos.

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