22/08/2009

PEDRO BALA


Quem leu Jorge Amado, naturalmente, vai associar o nome de Pedro Bala, a um dos seus mais lidos romamces. Precisamente "Capitães da Areia", escrito em 1930 e que teve sucesso absoluto só depois de derrubados os sistemas fascistas na época, em Portugal e no Brasil. Obras de caráter liberal, consideradas subversivas, eram drasticamente sensuradas e proibida a sua edição. Em Portugal quem possuisse o livro de certeza haveria de ter problemas com a PIDE.
Pedro Bala, era um dos personagens do livro, o líder dos Capitães da Areia.
E hoje, ao ler um pequeno conto da escritora brasileira Luciene Amado, vejam só, sobrinha de Jorge Amado, não pude deixar de ligar esse pequeno conto, aos Capitães da Areia como se o menino que ela insere ali fosse o próprio Pedro Bala!
Manoel Carlos

"Janete era uma moça de rosto suave e angelical, muito bondosa. Ela desenvolvia um trabalho social numa instituição chamada "Casa de Deus", que fazia pesquisa nas ruas de Salvador para saber como viviam as crianças, e recolhia aquelas que não tinham onde dormir ou cujos pais eram desempregados. O que eu aqui vou narrar, aconteceu nas ruas movimentadas do centro de Salvador, na Bahia, em plena luz do dia.
Lúcia, a melhor amiga de Janete, havia pedido que ela a acompanhasse ao médico pois teria que fazer um exame muito importante.
Lúcia dirigia o carro e conversando com Janete sobre os seus medos quando a poucos metros de casa, tiveram que parar pois havia um pequeno engarrafamento devido a um acidente. Sem que elas percebessem, um pivete enfiou o braço pela janela do carro, encostou uma lámina de gilete no pescoço de Lúcia e foi logo falando:
-Passa o dinheiro, donas, e tudo que tiver de valor!
Trêmula, Lúcia tentava tirar o seu relógio e ao mesmo tempo procurava algum dinheiro, enquanto Janete, tranquila, olhava carinhosamente para o menino:
-Por que você faz isso meu filho? - perguntou-lhe em seguida.
O menino com lágrimas nos olhos, devolveu-lhe o produto do roubo e acrescentou:
-Tia, eu não sou gente ruim, é que não tem outro jeito..."

Luciene Amado


2 comentários:

  1. E agora vens a lembrar-me o pouco tempo que tenho para ler. Devia era deitar pela janela o raio do computador e dedicar-me a cultivar uma horta, e assim ao pôr-do-sol, viria para dentro da casa a ler até o sono me vencer...

    Beijo e aproveita essa boa vida, he!

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  2. gostei muito desse espaço,e das poesias expostas.principalmente da minha Madrinha Luciene Amado, que mostra que tem nas veias o mesmo sangue
    de um grande escritor o saudoso Jorme Amado.

    parabenizo a todos!

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