02/11/2010

O insustentável peso da aparência


Eu pensei que só em Portugal existisse o preconceito da imagem. Assim: se eu estou bem vestido pareço alguém mais. Se eu estou mal vestido, pareço alguém menos ou, ninguém!
Claro que a aparência é tudo. Mas nem sempre o que está no exterior tem algo a ver com o interior, tanto no homem como nas coisas. Uma casa, por exemplo, cujo exterior esteja deteriorado ou com mau aspecto, isso não implica que por dentro essa mesma casa não esteja absolutamente diferente para melhor: com dependências bem tratadas, renovadas ou novas e até com pormenores de requinte; mas, se não tivermos conhecimento disso ficamos com a imagem indigna da aparência exterior.
Assim é com o homem.
Antes de me aperceber desse preconceito quantas vezes deixei de ser atendido normalmente em bancos, repartições públicas enfim! E comecei a usar gravata!
Lamentavelmente assim acontece em todo o lado, por menos nos lugares onde eu vivi. Lembro-me que duas vezes que estive no Deutsche Bank em Berlim - a primeira, que não levava gravata - fui confundido com um turco e tratado abaixo de cachorro. Na segunda vez, já engravatado, tive tratamento VIP.
SCHEISS, porquê tem que ser assim?

A diferença é que uma casa se pode visitar por dentro e o homem é impenetrável, intransponível.
Não me digam que uma gravata resolve o problema de nossa identidade!

Texto de Manoel Carlos

Um comentário:

  1. Resolve, Manoel Carlos! Mas o que importa é a cor! Ou então já não lembramos o delicioso conto do rato, o gato e a gravata?

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