15/05/2015

LEMBRANÇAS DE SEMPRE



Nos meus tempos de criança e como se diz agora: eu ficava "bué de time" junto da minha mãe, principalmente na cozinha, onde ela reinava como a super rainha! Ela era da época em que as mulheres nasceram fadadas para, depois do casamento, servir para criar os filhos, cuidar do marido e tratar da casa com o maior esmero e dedicação. Quem disse que as mulheres de Atenas são diferentes? Pelo que sei as mulheres do Minho superaram muito as gregas e tenho dúvidas que o Chico Buarque saiba disso! Então a música teria sido diferente!


De tanto que eu permanecia junto da minha mãe, foi dificil deixar de notar e de assimilar alguns pontos positivos de sua arte gastronômica o que me trouxe muitas vantagens pela vida que então se me depararia tempos depois. Tempos esses em que já não se encontravam mais mulheres de Atenas, ou mulheres do Minho! Hoje bem que podíamos até arriscar a eleição de homens de Atenas ou homens do Minho. Pela parte que me toca só não sei tratar de marido mas na cozinha, cuidar dos filhos, mudar fraldas, passar a roupa, arrumar a casa e outras coisas mais que vão sobrar para os homens, eu já sou perito! Fui perito! Vocês aí, seus machões, se preparem! Mas não percam o rebolado. Isso é outra coisa, outro samba!

Comecei com um pensamento e já ia me perdendo enrolado completamente pelas palavras destinadas a outra história.
O que eu queria dizer é que aprendi com minha mãe alguns truques de cozinha e a fazer algumas especialidades principalmente à moda de Ponte de Lima.  E assim, no decorrer da minha vida, em que tive que viajar por alguns pontos do mundo, enfrentei, por vários motivos, muitas vezes a necessidade de cozinhar para mim próprio, o que, sem aquela "escola" da mamãe, teria sido uma catástrofe.
Então quando eu metia na cabeça que iria preparar algum prato baseado na arte da minha mãe, começava a separar todos os ingredientes, mas faltava sempre qualquer coisa, o que obrigava a telefonar para ela muitas vezes de Berlim, Vigo, Angola, para que ela me informasse convenientemente sobre o cozinhado que eu estava tentando levar avante.

E hoje, aconteceu exatamente a mesma coisa. Encasquetei que haveria de fazer arroz de cabidela mas por via das dúvidas iria telefonar à Dona Sofia. Ainda cheguei a marcar os dois primeiros números. Senti assim como um vento feito brisa suave na alma e lembrei!

Mamãe já faleceu há 14 anos! É assim. Na minha lembrança ela estará sempre viva e é isso que esqueço e quero esquecer que ela se foi.
A sua benção Mãe!

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Texto de Manoel Carlos

Um comentário:

  1. Sr. Fonseca a sua mãe não morreu há 8 anos mas sim há 14.Desculpa ter que te lembrar mas como são muitos anos de diferença,
    resolvi vir avivar-te a memória.Tua irmã Bina

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