RECORDAÇÕES DE VIGO primeira parte

Era Vigo, fim de tarde, e pela Rua Marques de Valladares, deambulava eu entregue a pensamentos propensos a incontrolavel melancolia e à incapacidade de saír dessa "fossa" crepuscular. Literalmente andava pela rua como que "xutando lata" à toa, sem hipóteses de me evadir...de esquecer...

Lembrei-me de quando era menino, um dia, faltando à escola, na brincadeira, caí numa poça de agua e fiquei encharcado. Depois impossibilitado de voltar para casa com medo que meu pai me castigasse, sentei-me num banco do jardim e numa prece pedi a Deus que me valesse na minha aflição. Foi quando olhei para a grama e deparei com uma (taschegeld) carteira "sorrindo" para mim. Como se fosse uma flor peguei nela: estava cheia de notas! Que me pareceram pétalas!

Voltei para casa e falei para meu pai que a taschegeld "carteira" estava no meio da água e eu muito excitado para pegá-la caí no charco e me molhei!

Salvei-me da sova! Espéro que não me perguntem quanto dinheiro tinha a puta carteira.

Caminhava eu então "traurig" taciturno pela Calle Marques de Valladares, quando do outro lado da rua, uma garota me interpela pedindo um "cigarrillo".
A princípio pensei tratar-se de uma visão, ilusão, sonho, sem lá que mais que não seria real!
Mas era! Era uma jóvem extraordinariamente bela. Rosto latino, hispano, moreno; olhos enormes negros; boca vermelha como uma rosa e um rosto de anjo atrevido, sensual...
-Um cigarillo?
-Si, usted tien un petillo?
-Nooonnnnnn!
... Pero si, si ,lo tendrás. Tendrás aun que...
O meu espanhol era meio cómico e ela de pronto me perguntou de onde eu era que falava espanhol engraçado!
Foi dificil para mim explicar isso, mas foi fácil que ela aceitasse o meu convite e seguir-me para tomar algo e comprar cigarros...
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continua

Assim como diz Leni Qinan: BOA NOITE ONDE QUER QUE VOCÊS ESTEJAM!

Manoel Carlos