12/06/2010

Mènage a trois...




Era a Avenida.
Era o Rio.
Era a noite caindo.
Era ela! Envolta num xaile preto que a agasalhava e servia de lençol no areal. Meias pretas até às coxas e umas botas curtas de borracha que seus pés movimentavam em passos curtos e rápidos.Apesar dos meus 12 anos já tinha estado com ela algumas vezes e, meio fascinado, quando me era oportuno e arrumava a grana, que nem era muita, eu procurava-a de novo. No mesmo lugar, à mesma hora, queria ser o primeiro. Era sempre a mesma coisa. Envolvia-me deitada de pernas abertas e na incidência do luar em sua pubis, no xaile estendido na areia, recebia-me com seu abraço, seu perfume, seus gemidos fingidos e eu me desprendia numa volúpia fugaz, incontida que eu queria prolongar. E uma noite eu quis diferente. Tinha lido algo sobre posições e formas de sexo. Arrisquei: - hoje eu quero fazer "ménage a trois" . Ela num misto de espanto e curiosidade anuiu à minha sugestão perguntando:
- E então como é isso de menage , menage quê?
-Vem, estende o xaile na areia. Eu me deito e tu vens por cima de mim.
Tudo como eu tinha imaginado. A experiência foi de sonho.
No fim, já me compondo, ela quis saber:
-mas então, olha aqui, explica-me melhor, que diabo é essa história de menage?
Meio sem jeito e já arrependido expliquei como pude.
-Mas nós só somos dois!
-Deixa isso para lá. Esquece.

-É minha fantasia.

Não lhe revelei que quando ela estava por cima de mim a Lua, quase nua, por trás dela, sorrindo maliciosamente, fez-me sinal e participou.


Manoel Carlos

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