15/01/2012

ALS ICH KINDER WAR...

Quando era menino adorava ir com o meu pai brincar para um parque situado a pouca distância da casa onde morávamos. Ali, podia correr, saltar, gritar e até brincar com um cachorro que fazia também do jardim o seu ponto de recreio. Era um cão possivelmente sem dono e sempre que eu chegava ele corria na minha direcção festivo movimentando  a cauda em sinal de  não, quando é sim, e saltando quase me derrubando. O meu pai, para que eu não me distanciasse escondia-se por detrás de uma árvore qualquer para que eu, ao olhar para trás, não o enxergando, voltasse ao ponto onde ele eventualmente se encontrava. Era assim todos os dias e, por vezes, quando eu não conseguia descobrir a árvore onde ele se escondia, um sentimento inexplicável tomava conta de mim o que me obrigava a gritar chamando por ele. Mas logo ele com seu ar calmo aparecia rindo da minha aflição. No caminho de regresso a casa ele me acalmava e dizia para eu nunca pensar que alguma vez iria abandonar-me ou ficar longe do lugar onde eu estivesse. Apesar disso, dessa segurança, às vezes quedava-me a imaginar esse abandono... Hoje, um dia de sol radiante, chegamos ao parque e, para minha surpresa, o cachorro não apareceu. Fiquei apreensivo e pedi ao meu pai para perguntar a alguém se tinha visto o cão. Não! Ninguém viu o rafeiro. Com o meu programa alterado fiquei sem saber para que lado do jardim seria melhor brincar. Caminhei absorto pisando a relva e nem me dei conta quanto tempo fiquei assim absorto. Sobressaltado, olhei para trás procurando o meu pai que, possivelmente estava me vigiando, como sempre, escondido por trás de uma árvore. Voltei correndo circundando todas as árvores e nada de ver o meu pai. Regressei ao ponto de partida, dei voltas e mais voltas. E meu pai não aparecia! A sensação de pavor era dominante e eu queria não perder a calma. Evitei ainda gritar mas foi por pouco tempo. Desesperadamente corri pelo Parque e meus gritos abafavam qualquer ruído. O mais estranho é que não se ouvia nada a não ser o som da minha voz chamando pelo meu pai. O Parque estava vazio. La fora não se ouvia o barulho dos automóveis. Corri para a entrada e constatei que, efectivamente, as ruas estavam desertas. Apenas eu. E chamei-o no cúmulo desse desespero de criança abandonada. Acordei com a sua voz calma e confortante repreendendo-me por ter gritado seu nome de forma tão sonora! --------------------------------------------------------------------------------------------- Felizes dos que como eu conseguiram  usufruir de uma infância sob a proteção cuidadosa dos pais, apesar das brigas, evidentes, de ambos; que souberam transmitir-me, de forma clara, a razão das discrepâncias num sentido positivo não deixando afetar-me, nem de longe, por recalques. O único trauma afinal é esta enorme tristeza dela, A MINHA MÃE,  ter partido sem que lhe tivesse podido provar este incomensurável amor.

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