Berlim (Ocidental) 1976, Janeiro. A cidade parecia esculpida de neve envolta numa colcha imaculadamente branca. Para mim era quase impossível caminhar nas ruas carregando 27 graus negativos. Corri para a primeira "kneipp" tasca na Niebuhrstrasse. Sentei-me frente a uma mesa ao canto. Arrastando o meu alemão de 15 dias, lá consegui com muita dificuldade obter um bagaço "schnaps" que me aqueceu o corpo e incendiou a alma.
A princípio detestei Berlim e os alemães em geral moravam nessa minha antipatia. Na realidade eu era um "germanófobo".Tudo isto pelo que no decorrer da minha infância, logo na guerra e durante a guerra, me assustavam as imagens das fotos no "Século Ilustrado" revista jornalística de Lisboa e pelo que nos chegava através da Emissora Nacional e o Rádio Clube Português. Foi difícil para mim olhar para os alemães sem sentir raiva. Só o tempo iria apagar da minha memória tão antipática lembrança.
Depois da invasão de Berlim por parte das tropas aliadas os berlinenses pareciam agora empenhados em transmitir que nem todos tinham o mesmo ideal ou espírito Nazi que diziam repudiar. Mas a mim era difícil convencer. Em cada oportunidade que surgia nos canais de televisão lá vinham os comentários sobre o assunto e as afirmações de que os números de judeus mortos não correspondiam à realidade. Os seis milhões indicados como apagados nos campos de concentração era pura mentira! Propaganda contra os alemães.
Claro que foi muito mais do que seis milhões.
Depois de algum tempo de morar em Berlim, travei conhecimento e amizade com o Dietrich, alemão jovem que falava muito bem português já que adorava o Brasil e viajava constantemente ao Rio de Janeiro o que o levou a caprichar na aprendizagem da língua lusa.
Dietrich era um dos que se preocupavam com essa imagem generalizada dos alemães por causa do nazismo.
Um dia, num desabafo e ansiedade, de chofre, Dietrich me perguntou se eu acreditava que o Hitler mandou matar 6 milhões de judeus.
Fiz um ar sutil entre o triste e o admirado e "disparei"
- Isso é uma pura mentira. Na realidade, não foram 6 milhões de judeus que o Hitler mandou executar.
Dietrich parou bem na minha frente, arregalou os olhos e não aguentou as balas da minha resposta.
-Dietrich, não foram 6 milhões. Foram apenas 5 milhões e 999 mil.
Perdi um amigo se é que alguma vez o Dietrich foi meu amigo.
Mas o pior, o que iria mexer comigo, ontem no Programa Quem Quer ser Milionário
uma das perguntas serviu para me enrolar a cabeça. "No ano de 1506, numa cidade europeia aconteceu a maior execução mortal de judeus jamais vista no mundo.
Pelas cidades indicadas, que eram Berlim, Amsterdão, Istambul e Lisboa. Logo eu teria firmemente indicado ser Berlim.
Fiquei completamente derrotado. Afinal o desastre ocorreu em Lisboa.
Peço desculpa ao Dietrich e aos alemães em geral.
Mas o pior, o que iria mexer comigo, ontem no Programa Quem Quer ser Milionário
uma das perguntas serviu para me enrolar a cabeça. "No ano de 1506, numa cidade europeia aconteceu a maior execução mortal de judeus jamais vista no mundo.
Pelas cidades indicadas, que eram Berlim, Amsterdão, Istambul e Lisboa. Logo eu teria firmemente indicado ser Berlim.
Fiquei completamente derrotado. Afinal o desastre ocorreu em Lisboa.
Peço desculpa ao Dietrich e aos alemães em geral.
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