08/07/2015

À beira do Rio Lima

O Tanoeiro                      
                                               


Faz muito tempo. Ainda eu era criança. No largo da Porta Nova, o Manuel da Barca,tinha a sua tanoaria.  Trabalhava em frente à porta de casa.  Quase que eu aprendi a fazer barris de tanta vez que o observava na sua actividade; uma arte, que ainda hoje é imprescindível por causa da necessidade da conservação ideal para os vinhos e aguardentes. Pouca gente sabe que o whisky escocês é envelhecido em toneis gigantescos  que foram do vinho de  Porto.

Toda  a simpatia e bom humor permanente era apanágio do senhor Manuel.  Após nosso jogo de futebol, versus pelada, no largo, ia-mos  para perto do senhor Manuel escutar suas peripécias e suas histórias engraçadas.


Após umas boas horas de trabalho, normalmente,  ele  sentava-se  numa pedra em frente  ao barril em acabamento, no degrau da entrada do Prédio  do Dr. Malheiro , fumando seu cigarro


Por vezes nós os garotos ficávamos jogando ao botão, a uma distância de mais ou menos 200 metros do lugar onde estava sentado  o Manel da Barca. Vez por outra, era uma festa de risos. Nas ocasiões quando  o Manel da Barca, com aquele gesto inconfundível  de quem quer aliviar  o interior peristaltico,  levantava  uma perna e ajeitava a bunda para soltar o maior,  mais sonoro e extraordinário traque,   que ecoava  reverberando por todo o largo,  por toda a Vila.
Era o "show" para a garotada.
Se fosse de noite certamente faria um clarão de luz. 
 Para tal trovão era merecido  e necessário um relâmpago  de luz superior...

Publicado por Fonseca Lima,
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