19/07/2014

A REFORMA


No começo, logo que iniciei meus pensamentos sobre a minha aposentadoria ,evidente, atacou-me um certo sentimento de apreensão , quiçá medo de um eventual tédio, pela quebra da rotina diária que me ocupava quase todo o meu tempo no trabalho.  Muitos me diziam que depois de reformado, logo a seguir, nos primeiros dias, principalmente nos primeiro dias, seria atacado por violento "stress" difícil de contornar!!!!!

Qual quê?  Isso é para quem não tem imaginação que serve de ataque  a essas vicissitudes, aliás, virtudes,  de não ter mais obrigações para cumprir horários, ou seja para o que for, obedecendo obrigatoriamente  a mesquinhices da  extensa legislação  laboral.

Não imaginam o quanto me sinto feliz agora que estou reformado fazendo aquilo que sempre gostei de fazer: NADA.

Este NADA  apenas envolve tudo aquilo a que eu era obrigado a fazer diariamente no meu setor de trabalho ,  obrigado a  aturar chefes doidos, estressados e colegas neuróticos,  mais neuróticas que neuróticos.

Sempre quis viver na cidade do Porto onde hoje me encontro morando num apartamento modesto. airoso, com varanda para a rua por onde veja o movimento da cidade e ouço aquele linguajar puro do Norte, sempre perfumado de palavras doces  misturadas com açúcar e dinamite.

Aqui as pessoas falam - quase gritando - de longe de um lado ao outro da rua.  Se algum conhecido  segue em sentido contrário pelo outro lado da rua , o amigo que segue do lado cá  grita logo:  então pá?  Como vais?  Estás bom?  

-Carago, pareces um morcão, guarda o teu dinheiro e  ao menos fala,  fo........-se!

Isto é ainda ficção. Ou sonho.  Continuo esperando a reforma que teima em tardar.











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